22 de Setembro Dia Mundial sem Carro

terça-feira, 22 de setembro de 2015


     A luta dos ciclistas em nosso país por uma nova cultura de mobilidade tem  ganhado visibilidade, principalmente a partir dos esforços do Governo Municipal de São Paulo que levantou a bandeira e tirou de debaixo do tapete o conservadorismo que mostrou caras e dentes e a cultura subserviente aos interesses da Indústria do carro.
     Compramos a propaganda e reproduzimos em nossa vida, no dia a dia, sem pensarmos criticamente o que nossas ações geram ao meio ambiente. Nossa educação não nos ensinou o que é ser o ser coletivo e porque devemos pensar em coletivo. A propaganda liberal pregou uma liberdade que todos queríamos, não a de ser livre, mas a de ter condições de comprar todos os bens que produzimos materialmente. O ser não existe, importa ter. E essa cultura se propaga vitoriosamente em todos nós dentro de nossos carros. O carro é novo, do ano, "somos livres", podemos correr para qualquer canto. O ponteiro indica até uns 200km/h? Vai Rubinho!
     Mas a reprodução da propaganda dos carros como algo indispensável, como objeto de garantia de pertencimento a uma classe "que venceu" com seus esforços, está tendo que parar obrigatoriamente no meio de uma marginal e pensar: Por que estou aqui parado? As cidades "incharam". Tudo congestionado. Dirigir não parece mais algo tão bom assim. Se perde mais de duas horas para fazer o percurso de casa para o trabalho. Aqui em Natal tem dias que um percurso que devia ser de 20 minutos, dependendo de qualquer carro quebrado na pista, o percurso leva mais de uma hora. E existem N questões para se pensar e problematizar.
     Depois que os órgãos internacionais começaram a dar o alerta vermelho para a vida no Planeta parece que estamos começando a pensar: Vai ter sempre comida na mesa, água na torneira e ar para respirar? Buraco na camada de ozônio, secas, desertificações. Uma cidade como São Paulo está sem água. Os problemas ambientais está começando a chegar até nas classes mais favorecidas e o alarde necessário enfim, se faz. Empatia por alguma causa, para alguns só quando se sente na pele mesmo!
     Os ciclistas estão querendo banir os carros da face da terra? Não gente. Estamos chamando atenção para algo que está na nossa cara. Quantos carros mais irão caber em nossas garagens, ruas e avenidas? O que estamos fazendo em nosso meio ambiente, congestionando sem podermos mais nos locomover. A lógica do carro não seria a locomoção? Já a perdemos. Nossas vidas não podem funcionar ao redor dos carros. Não podemos deixar de andar para ir comprar pão na esquina. Deixem os carros em casa. Estamos escravos de algo que não deveria ser essencial, mas apenas um meio para contribuir nos afazeres do dia a dia. O quanto tornamos o carro prejudicial para nossas vidas? Pense:

"Eles são simplesmente a maior causa da poluição atmosférica e do aquecimento global. Formam também o maior mercado da indústria de petróleo, que fomenta tantas guerras." p. 109 Caroline Granier em Apocalipse Motorizado

     A Europa tem sido palco de grandes mudanças que protagonizam a realização dos tratados internacionais sobre meio ambiente. Paris este ano colocou em prática reduzir pela metade os carros no centro da cidade deixando-a livre para pedestres, ciclistas, o transporte coletivo e tantas outras alternativas de locomoção. Em São Paulo quando se propôs o rodízio de carro pareceu o fim do mundo, agora imaginem uma proposta dessas aqui em Natal!
    O transporte individual é endeusado. Diante do caos que se torna o trânsito em nossa cidade, e enquanto perdemos companheiros [Cacá, Cristiane e Franciélio] por essas ruas, os projetos que o DNIT propõe nem ao menos segue os parâmetros da nova Lei de Mobilidade Urbana de 2012. Querem "empestar"  a cidade de viadutos sem pensar o meio de locomoção humano. Querem fazer obras na Roberto Freire que invade áreas protegidas do Parque das Dunas, e para quê? Retirar sinais e proporcionar mais fluidez, leia-se velocidade, aos carros.
     O conceito sustentabilidade que invadiu até os slogans das mais variadas empresas pelo mundo, está aí, fazendo o convite para repensarmos como devemos viver em sociedade. Não dá para continuarmos achando que a vida é trabalhar para comprar carros e casa. Estamos adoecendo a natureza esquecendo que adoecemos também. Natal está atrasado em tantos aspectos e em questão de mobilidade urbana não há qualquer empenho que figure para uma nova política que pense nossa cidade mais solidária e humana.
     NÃO TEMOS TRANSPORTE PÚBLICO! As pessoas se engalfinham em seus carros e motos e tentam caber nas avenidas. Se estressam, xingam, batem. A vida tem valido tão pouco nesse violento trânsito que criamos.
     Mas um outro mundo é possível! Sim! E estamos em luta!!!

Em memória de José Francielio de Farias!




Por Eva Timboo




   

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